Mesmo com a campanha eleitoral mais cara do Brasil, Guilherme Boulos (PSOL), principal candidato da esquerda à Prefeitura de São Paulo, quase não conseguiu garantir sua vaga no segundo turno. Nas eleições de domingo, 6 de outubro, Boulos obteve 29,07% dos votos, apenas 0,93% a mais que Pablo Marçal (PRTB), que conquistou 28,14%.
Boulos, que conta com o apoio formal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, tem Marta Suplicy como vice em sua chapa e é apoiado por partidos como Rede Sustentabilidade, PCdoB, PV e PDT. No segundo turno, que acontecerá no dia 27, ele enfrentará Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da cidade, que assumiu o cargo após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021 e obteve 29,48% dos votos válidos.
Com um gasto de R$ 39 milhões em sua campanha, Boulos fez o maior uso de recursos no país neste ano, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 4 de outubro. Esse valor é quase quatro vezes maior do que os R$ 10 milhões (ajustados pela inflação) que ele gastou em 2020, quando foi derrotado por Covas no segundo turno. A campanha de Boulos é financiada majoritariamente pelo PSOL, que contribuiu com R$ 35 milhões, e pelo PT, que injetou outros R$ 30 milhões, elevando o total arrecadado para R$ 66 milhões, quase atingindo o limite legal de R$ 67 milhões.
De acordo com a Revista Oeste, os altos gastos de Boulos foram alvo de críticas durante a campanha. No debate da TV Globo, Pablo Marçal o acusou de usar dinheiro público para manipular eleitores e o chamou de “socialista de iPhone”. Boulos investiu R$ 8 milhões apenas em seu marqueteiro, o maior gasto da campanha.
Curiosamente, Boulos teve seu melhor desempenho em bairros ricos de São Paulo, como Bela Vista, onde alcançou 43,66% dos votos, e Pinheiros, com 36,08%. Ele também venceu em Perdizes, Butantã e Morumbi. Já Ricardo Nunes dominou a votação em áreas da zona sul, como Pedreira e Capela do Socorro, e também em algumas zonas da região norte.