Um renomado pastor dos Estados Unidos manifestou seu apoio à candidatura de Kamala Harris e foi amplamente criticado por outros cristãos, o que o levou a apagar a publicação nas redes sociais.
Ray Ortlund, líder da Igreja Immanuel em Nashville, no Tennessee (EUA), apagou uma publicação nas redes sociais apoiando a vice-presidente Kamala Harris para presidente após receber reação negativa no domingo, 29 de setembro.
A publicação polêmica dizia “Trump nunca. Harris às vezes. Jesus sempre”. A declaração de voto na candidata do Partido Republicano, que é favorável a políticas que promovem o aborto e a ideologia de gênero, dentre outras bandeiras de extrema esquerda, suscitou questionamentos.
“Como você pode votar em Harris/Walz como um crente? Você acha que matar bebês é algo que Jesus apoiaria?”, questionou um seguidor do pastor, que acrescentou: “Deixe suas opiniões pessoais sobre a pessoa de lado e vote no partido que vai apoiar sua moral e crenças religiosas. Acredito que qualquer partido que tenha QUALQUER associação com o assassinato de filhos de DEUS deve ser imediatamente excluído”.
O pastor tentou remendar sua afirmação dizendo que “o aborto é um mal horrível”, porém estava optando por Kamala por sua crença subjetiva que Trump seja um mal maior: “Os males do outro lado aumentaram a níveis que colocam em risco o estado de direito fundamental em nosso país. Estou pensando a longo prazo e votando para que tenhamos uma renovação nacional no futuro”.
A chuva de críticas foi intensa, com comentários de outros nomes de peso no meio cristão norte-americanos: “[Se o pastor] está realmente preocupado em não colocar em risco o Estado de Direito na América, é preciso se perguntar onde ele esteve durante os últimos quase quatro anos”, alfinetou o vice-presidente do Discovery Institute, John G. West.
“Processos politicamente motivados contra oponentes eleitorais, censura incentivada pelo governo de vozes dissidentes nas redes sociais, processos contra manifestantes pacíficos pró-vida, decretos que não têm base em leis aprovadas pelo Congresso, recusa em aplicar leis já existentes”, listou West.
“Esta é apenas uma pequena lista do que vem acontecendo. Mas Ortlund nos assegura que, para proteger o estado de direito, devemos votar nas mesmas pessoas responsáveis por essas coisas. Seus comentários são excepcionalmente reveladores sobre a bolha em que vivem alguns evangélicos importantes”, criticou.
O músico cristão Samuel Sey escreveu: “Se Ray Ortlund realmente acreditasse que o aborto é um mal horrível, ele não votaria em Kamala Harris. Isso é vergonhoso”.
O ex-candidato republicano a vice-governador da Carolina do Norte, Allen Mashburn, advertiu o pastor Ortlund dizendo que quem opta “nesta vez por Harris” não escolhe “Jesus sempre”.
“Essas duas declarações são diametralmente opostas e não são biblicamente coesas”, acrescentou Masburn.
Outro líder evangélico a fazer críticas ao pastor foi William Wolfe, que atua como diretor executivo do Centro de Liderança Batista, afirmando que Ortlund demonstrou se curvar à cultura predominante: “Lembre-se, este é o pai de Gavin Ortlund e pastor de Russel Moore. Ele é o pastor da ‘grande Eva’ por excelência. E agora ele está usando o nome de Cristo para endossar um comunista pró-aborto e pró-trans”.
O termo “grande Eva” foi cunhado para descrever “a rede de grandes organizações e conferências evangélicas que buscam moldar o pensamento e a estratégia das igrejas evangélicas americanas”. O pastor Russel Moore, mencionado por Wolfe, é o editor da revista Christianity Today, que declaradamente se opõe a Donald Trump.
O pastor Ortlund deletou sua publicação no Threads (do Instagram) e se justificou: “Eu deletei uma publicação de hoje mais cedo porque ela estava sendo mal interpretada. Eu deveria ter previsto. Minha culpa”.
Depois que o pastor deletou sua publicação, Wolfe insistiu nas críticas: “Agora Ray Ortlund está recuando, alegando que sua postagem foi ‘mal interpretada’. Ficou claro como cristal: ele está votando em Harris ‘desta vez’. Um clássico discurso subversivo e dúbio”.