O Brasil possui uma das maiores colônias libanesas do mundo, formada em sua maioria por descendentes, e é maior do que a própria população do Líbano. São quase 10 milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, contra 3,5 milhões que vivem no Líbano. Foi em uma dessas famílias árabe-brasileiras que cresceu Ahmed* (nome fictício), filho de pai sírio e mãe brasileira. Ele passou parte de sua vida dividida entre três países: Brasil, Líbano e Síria.
Foi por volta dos 21 anos que Ahmed teve seu primeiro contato com o Hezbollah. No início, era apenas uma admiração, mas, aos poucos, isso se tornou um envolvimento completo, até o ponto em que ele se tornou um soldado que atuava no serviço de inteligência em operações terroristas entre o Líbano e a Síria.
Ao Guiame, um missionário brasileiro residente no Oriente Médio, que participou ativamente do processo de conversão desse jovem, contou o quão radical foi a transformação que Jesus fez em sua vida.
Sem saber, alguns acolheram terroristas
"Era janeiro de 2021, e fazia muito frio por aqui. O dia já estava quase acabando quando recebi uma ligação com um pedido de ajuda. Tratava-se de um brasileiro que precisava urgentemente de um lugar para se hospedar. Ele viajava do Brasil para o Líbano, junto à sua família, onde também moravam seus parentes. No aeroporto de Beirute, capital do Líbano, entre toda sua família, apenas Ahmed teve sua entrada negada pela polícia de fronteira. As autoridades daquele país o enviaram de volta ao último país em que seu voo havia feito escala, que, no caso, era o país onde eu atuo como missionário”, relatou o missionário brasileiro
Por ver que se tratava de um compatriota, o missionário não pensou duas vezes em ajudar o brasileiro e o levou diretamente para sua casa.
“Sem saber como ajudá-lo de maneira prática, pois no país para o qual ele estava viajando não havia possibilidade de entrada, e no Brasil ele não possuía parentes, a equação em que me encontrava era: um jovem sem saber para onde ir e um missionário sem saber o que fazer. E, no meio dessa equação, o tempo foi passando, sem que eu soubesse que estava hospedando um terrorista do Hezbollah”, lembra o missionário.
Um missionário terrorista
Desde o início, o missionário notou o desejo que o rapaz tinha de pregar o islamismo a ele: “Lembro como se fosse ontem: na sua chegada, minha esposa havia preparado um jantar, e, durante essa nossa primeira refeição, sem nunca ter tido nenhum contato conosco, ali mesmo na mesa ele disse de imediato que 'Jesus não era o filho de Deus, mas apenas um profeta.'”