A vice-presidente Kamala Harris afirmou firmemente que se opõe a qualquer concessão em uma lei nacional sobre o aborto, caso seja eleita presidente dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito a isenções religiosas. Em entrevista à NBC News na última terça-feira, Harris deixou claro que sua proposta visa garantir o aborto legal em todo o país sem exceções.
Durante a entrevista, a jornalista Hallie Jackson questionou Harris sobre a possibilidade de ter que lidar com um Congresso controlado pelos republicanos e se estaria disposta a negociar, mencionando especificamente possíveis isenções religiosas. Em resposta, a candidata democrata rejeitou qualquer concessão, dizendo que não deve haver compromissos quando se trata da liberdade fundamental das mulheres de tomar decisões sobre seus próprios corpos.
“Não acho que devêssemos fazer concessões quando falamos sobre a liberdade fundamental de tomar decisões sobre seu próprio corpo”, declarou Harris, ressaltando que diversas votações recentes sobre medidas pró-aborto demonstraram que a maioria dos eleitores apoia o direito ao aborto.
Os comentários de Harris geraram forte reação de grupos teologicamente conservadores, conforme relata The Christian Post. O Center for Baptist Leadership foi rápido em criticar sua posição, chamando a postura da vice-presidente de “assustadora”. Em um tuíte, o grupo expressou preocupação de que, sob uma presidência de Harris, hospitais cristãos, provedores de saúde e empresas seriam forçados a realizar ou financiar abortos, o que representaria um ataque direto à Primeira Emenda e à liberdade religiosa.
“Isso significa que todos os hospitais cristãos, provedores de saúde, empresas, etc., seriam forçados a fornecer ou cobrir o aborto se ela conseguisse o que queria”, declarou o centro.
O Partido Democrata, por outro lado, tem feito do aborto um dos temas centrais da eleição, com a campanha de Harris prometendo aprovar uma lei que restauraria os direitos ao aborto em todo o país. Em um discurso recente na Convenção Nacional Democrata, Hillary Clinton reforçou o apoio a Harris, dizendo que ela “lutaria para restaurar os direitos ao aborto” e para melhorar as condições das famílias trabalhadoras.
A postura inflexível de Harris sobre o aborto, sem concessões religiosas, reflete uma estratégia para galvanizar eleitores progressistas, mas ao mesmo tempo levanta preocupações em comunidades religiosas e conservadoras que temem que isso signifique o fim da liberdade religiosa em questões de conscientização moral e práticas médicas.