Dois vigaristas chegam num vilarejo isolado e tranquilo, e logo constatam que ali há uma grande quantidade de pessoas com idade avançada. Então, eles colocam em ação um golpe que já aplicaram em outros lugares semelhantes, com sucesso e sem risco algum de serem punidos.
Alugam um salão e começam a anunciar que no sábado à noite vão fazer a Sopa da Juventude, garantindo que todos que a tomarem ficarão mais jovens imediatamente. O preço da sopa é alto, mas, no horário marcado, quase todos os idosos do vilarejo aparecem, alguns andando com dificuldade ou com bengala, de muleta, de cadeira de rodas, de qualquer jeito.
Pagam em dinheiro e ficam esperando serem servidos.
Quando o último cliente entra, eles avisam que ninguém da família pode ficar no local. Fecham as portas e começam a preparar a tão esperada Sopa da Juventude.
Fogo, panela, água, algumas verduras, tempero e um pouco de carne, “só para dar sabor”, e uns ingredientes desconhecidos que ele trouxeram à tiracolo.
Enquanto a sopa está sendo feita, o mais falante dos malandros ressalta o tempo todo as maravilhas que vão acontecer após a sopa ser servida, e todos ficam bastante eufóricos e animados.
Por fim, ele diz que está faltando apenas um ingrediente. Diz também que não pode revelar de antemão qual ingrediente é esse, mas avisa que esse ingrediente só poderá ser obtido com o consentimento de todos, e que ninguém pode discordar, mesmo sem saber o que é.
Rapidamente, todos dizem “sim”, e o malandro revela o que é: A Sopa da Juventude tem que ser servida na caixa craniana da pessoa mais velha do grupo, com uma porção do seu cérebro. Será o sacrifício de um em benefício dos demais.
Após o susto inicial, o outro larápio, um homem grande, forte e mal encarado, pega uma adaga de ritual e começa a perguntar a idade de cada um deles, olhando assustadoramente em seus olhos.
“Milagrosamente”, a idade deles começa a diminuir. Quem tinha 90, alega que tem 70, e aponta o seu dedo para alguém mais velho que ele. Quem tinha 80, alega que tem 60, e também aponta o seu dedo, e assim por diante. E, sempre que preciso, os clientes abaixam de novo as suas idades, para se livrar.
Diante do impasse, o larápio falante encerra a reunião com as seguintes palavras: “Que coisa incrível, gente, nem será preciso tomar a sopa, vocês já estão mais jovens”.