Um tribunal no Paquistão concedeu uma fiança rara a Saima Masih, uma cristã acusada de blasfêmia, informou seu advogado. Em 10 de setembro, o juiz Waseem Mubarak, de Gojra, aprovou a fiança após a prisão, mas por questões de segurança a notícia só foi divulgada recentemente.
As acusações contra Saima Masih e sua irmã, Sonia Bibi, surgiram um mês antes, quando um vizinho muçulmano, Muhammad Haider, as acusou falsamente de terem jogado páginas do Alcorão em uma área aberta perto de suas casas. O advogado das irmãs, Haneef Mattu, explicou que a acusação ocorreu após Saima ter rejeitado “avanços indecentes” de Haider.
Saima, uma trabalhadora de saúde voluntária, tem dois filhos e Sonia, mãe de três, trabalha como professora em um centro de alfabetização. Após as acusações, Sonia conseguiu fugir da vila com sua família, mas Saima foi presa.
Embora a fiança pré-prisão de Sonia tenha sido negada por um tribunal, uma investigação posterior da polícia a inocentou. Mattu entrou com uma petição no Tribunal Superior de Lahore para anular as acusações contra as irmãs, mas foi aconselhado a seguir outro procedimento legal.
A situação das irmãs, que agora vivem em um local não revelado por segurança, é preocupante. Saima Masih quase foi morta por uma multidão, mas foi salva pela intervenção da polícia. Segundo ativistas, mesmo após sua libertação, as ameaças continuam. Sajid Christopher, da Human Friends Organisation, relatou que as famílias enfrentam grandes dificuldades, como ameaças de morte e o risco de ataques de extremistas, além de batalhas legais prolongadas.
Joseph Jansen, ativista de direitos das minorias, alertou que este é mais um caso onde as leis de blasfêmia no Paquistão são usadas para resolver vinganças pessoais, levando a execuções extrajudiciais. Ele e outros defensores dos direitos humanos pedem por reformas urgentes para proteger os inocentes dessas acusações injustas.