Um ano após o devastador ataque que afetou cerca de 10 mil cristãos em Jaranwala, no Paquistão, as feridas ainda estão abertas. Em agosto de 2023, a comunidade cristã viu suas igrejas incendiadas, suas casas destruídas e seus bens mais preciosos saqueados e vandalizados. Agora, eles lutam para reconstruir suas vidas em meio a traumas profundos.
Parceiros locais da Missão Portas Abertas têm oferecido suporte contínuo aos cristãos de Jaranwala, mostrando que eles não estão sozinhos e lembrando-os das orações de irmãos ao redor do mundo. Apesar disso, as lembranças dos gritos, o cheiro das Bíblias queimadas e a destruição de itens de grande valor sentimental ainda ecoam na mente das vítimas.
Aleena* e seu marido, Hameed*, são exemplos de quem ainda tenta processar o trauma do ataque. “Às vezes, fico acordada por horas a fio. No dia do ataque, meu marido estava em um acampamento cristão. Ele apenas ouviu sobre a devastação e viu os destroços, mas, mesmo sem estar presente durante o ataque, ele também não consegue dormir bem. Algumas vezes ele abraça nosso filho, um bebê, com tanta força que tenho medo de que ele o sufoque”, contou Aleena.
Aleena estava prestes a dar à luz quando as multidões começaram a atacar a comunidade. “O ataque começou no início do dia. Ouvi uma batida forte na porta. Naquele momento, eu estava apenas aguardando as contrações que indicariam que meu bebê estava a caminho. Mas logo percebi que estávamos sendo alertados para fugir. Acordei minha sogra, pedi ajuda ao meu irmão para levá-la, juntei alguns cobertores e busquei minha irmã. Corremos no escuro, em meio à plantação de cana-de-açúcar, por horas. No dia seguinte, tudo estava destruído – todas as Bíblias, todas as cruzes, as casas, lojas e escolas. Tudo se foi”, relatou.
Durante o último ano, Aleena e sua família receberam acompanhamento dos parceiros da Portas Abertas. “Meus amigos foram embora, há ladrões em nossa comunidade, não sabemos em quem confiar. Aqueles em quem confiamos um dia hoje podem ser perigosos para nós. A equipe de vocês tem sido nossos verdadeiros amigos nesse momento”, afirmou.
A assistência prestada às vítimas vai desde ajuda emergencial e cuidados médicos até a distribuição de literatura cristã, cursos de capacitação vocacional e treinamentos bíblicos. “Os seminários que vocês organizaram têm nos ajudado muito. Aprendi como responder aos assédios, recebi orientação para aconselhar biblicamente e como proteger nossas filhas e filhos de agressores. Eu não sabia nada disso antes. Agora tenho um contato de emergência para quem posso ligar se estiver em perigo. Aprendi estratégias básicas de encorajamento quando estiver em desespero e posso apoiar meu pastor e minha comunidade”, explicou Aleena.